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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

LEITURA: ABRACE ESSA IDÉIA - Atividades a partir do livro:Cordel Adolescente,o xente!

( Veja postagem anterior)




1-     Antes da leitura do livro:

a) Espalhar pelo espaço (sala de aula, de leitura ou corredores) frases que estimulem a leitura do livro, como: Você conhece a Bertulina ( e outros personagens ...)?; Você já viveu uma história de amor?;etc.
b) Colocar imagens de casais de namorados de várias as idades ou casais de namorados com  roupas típicas de várias regiões;
c) Trabalhar  palavras que não fazem parte  do vocabulário do aluno;
d) Trabalhar  o"AMOR",  pedindo que os alunos cantem músicas  e falem sobre o tema;
e) Apresentar  um cordel para e/ou coma turma, construir um dicionário nordestino;
f)  Mostrar xilogravuras e trabalhar a ilustração;
g) Dramatizar a história do livro de forma musicalizada;
h) Criar os personagens com material reciclado.


2-     Após a leitura do livro:


a) Com alunos menores: desenhar seu personagem preferido; de forma coletiva, modificar o final da história; ilustrar as estrofes; criar e decorar os personagens principais:deitar um aluno do sexo feminino e um masculino e um papel pardo para ser o molde;criar cordéis sobre vários assuntos e montar um varal com eles.
b) Com alunos maiores, criar um cordel : inédito ou paródia de um outro e encená-lo caracterizados ; modificar o final da história escrevendo  uma carta ao autor; fazer um dicionário nordestino comparando palavras da sua região.


Observações:


1) Em qualquer faixa etária explicar o que é um Cordel. Que tal usar este?




Quando vou escrever cordel
me dispo da vaidade
esqueço qualquer orgulho
vestido de humildade
pois é poesia popular
que o povo gosta de cantar
pelos cantos da cidade

E fico pensando na lua
com miçangas coloridas
nas estrelas brincalhonas
encantando atrevidas
quando a tarde vai embora
o sol se esconde na hora
esquecendo despedidas

Perpassa pela cachola
miríades de borboletas
pássaros esvoaçando
os números das roletas
mulheres achando graça
garotas lindas na praça
músicas com belas letras

Depressa chega a dúvida
- misteriosa cultura! -
fazendo galo na mente
me trazendo amargura
vislumbrand'o horizonte
subo correndo um monte
pequeno, miniatura

Então troco as palavras
rimo pão com armadura
como pipoca sem sal
feijão, arroz, rapadura
arranco sapatos do pé
escrevo ode à mulher
plantando muita verdura

Mas a danada da poesia
sumindo no crepúsculo
deixa de ser cordel, é cordão
num versinho minúsculo
bem soberbo e abusado
tão ínfimo, tão coitado,
um livro? Não, opúsculo!

Essas coisas populares
pensas ser fácil de fazer?
Estás muito enganado
eu misturo tu com você
equívoco gramatical
terminando por me dar mal
obrigado a beber dendê

Lá vou eu de novo tentar
o destrinche cordelístico
embor'eu não seja mago
vou sendo cabalístico
ao terminar a obrigação
com meu maior dedo da mão
coloco meu interstício



1)  Em parceria com o professor de artes trabalhar MONOTIPIA  (xilogravura) para ilustrar os cordéis criados pelos alunos:


COMO FAZER:


Material: Guache, rolinho de espuma (para pintura);papel para rascunho; fundo de bandeja de isopor;


Etapas:


1. Fazer o desenho no rascunho( papel ofício);
2. Colocar o rascunho em cima do fundo da bandeja de isopor e riscar o desenho com força, sem furá-la, mas é preciso fazer uma " vala "( uma marca do risco)   . O  desenho deve ser riscado espelhado ( o que se que reproduzir deve ser desenhado ao contrário,como por exemplo; letras,números,sinais etc.);
3.Depois passar com um rolinho de espuma, o guache com um pouco de cola misturado;
4.Pressionar na folha como um carimbo e o desenho será reproduzido.














sábado, 13 de agosto de 2011

LEITURA ABRACE ESSA IDÉIA: LITERATURA DE CORDEL

Indico o livro “Cordel Adolescente , o xente! “, da Quinteto Editorial, para todas as faixas etárias . É uma história de amor contada em poesia . É gostoso para fazer uma leitura oral, compartilhada e /ou individual. Como  a temática  AMOR, os adolescentes gostam muito e pode ser a  base para um bom projeto neste mês folclore. Na próxima   postagem desta seção colocarei propostas de trabalho a partir da leitura deste livro.

Neste livro um um valentão do nordeste, um cangaceiro muito do sedutor, mas metido que só ele tirou um barato de Bertulina, uma moça nordestina que estava caidinha por ele, depois do primeiro beijo. Mas coitado do valentão, porque a menina não é de tirar farinha não. Nem queira saber o que aconteceu na volta do bonitão


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ALÔ EDUCADOR! POR RUBEM ALVES

Rubem  Alves defini com sabedoria " o que é ser educador ", leia o texto:


A COMPLICADA ARTE DE VER 
( Rubem Alves ) ( Texto extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.)


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção". A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas". Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...